Infecções Sexualmente Transmissíveis

HERPES

A herpes, causada pelo vírus herpes simplex (HSV), é uma infecção mucocutânea caracterizada pelo aparecimento de lesões vesiculares e ulcerosas.

TIPOS

  • TIPO 1(HSV-1): transmitido principalmente por contato oral, ou oral-genital, através do contato com o vírus em saliva, feridas na mucosa, ou na superfície da pele, causando lesões na região bucal, e também, em alguns casos provocar lesões genitais.

  • TIPO 2 (HSV-2): transmitido pelo contato sexual e causa lesões na região genital. Geralmente têm maior probabilidade de ocorrer sintomas recorrentes do que o tipo 1, além de aumentar o risco de infecção pelo vírus HIV em até aproximadamente três vezes mais.

EPIDEMIOLOGIA

Segundo dados da OMS estima-se que 64% da população mundial com menos de 50 anos, cerca de 3,8 bilhões de pessoas, tenham a infecção pelo tipo 1 do vírus.

No caso da herpes tipo 2, estima-se que 13% da população mundial com idade entre 15 e 49 anos, cerca de 520 milhões de pessoas tenham a infecção pelo vírus. Apesar de na maioria dos casos, a herpes apresentar-se de forma assintomática, os seus principais sintomas são bolhas, úlceras dolorosas e recorrentes (oral ou genital), podendo causar febre, inchaço dos gânglios linfáticos e dores no corpo.

TRATAMENTO

Para seu tratamento, apesar de não existir cura para infecção, são utilizados medicamentos antivirais para diminuir os sintomas e a recorrência, entretanto ainda assim é necessário evitar o contato oral com pessoas com sintomas de herpes e utilizar preservativo durante as relações sexuais.

PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV)

Papilomavírus Humano (HPV) é um vírus que acomete a pele e as mucosas, sendo considerado a IST mais frequente em nível global.

Há mais de 200 subtipos identificados, alguns responsáveis por lesões benignas, como verrugas genitais, e outros associados ao desenvolvimento de cânceres, como os de colo do útero, ânus, pênis, cavidade oral e orofaringe.

VACINAÇÃO

A principal estratégia de prevenção é a vacinação, disponibilizada gratuitamente pelo SUS, complementada pelo uso regular de preservativos, que contribuem para a redução do risco de transmissão. Entre os grupos para quais a vacina é indicada destacam-se as crianças e adolescentes entre 9 a 14 anos (dose única) e também usuários de PrEP e pessoas vivendo com HIV/AIDS.

SINTOMAS

A infecção pelo HPV costuma ser assintomática na maioria das pessoas, podendo permanecer inativa por longos períodos. Em alguns casos, as manifestações são subclínicas, ou seja, não perceptíveis a olho nu. A queda da imunidade pode ocasionar a multiplicação do vírus, o que pode levar ao aparecimento de lesões (condilomas acuminados). Apesar disso, a maior parte das infecções é eliminada espontaneamente pelo organismo em até 24 meses.

Os primeiros sinais costumam surgir entre 2 e 8 meses após o contato com o vírus, embora possam demorar até 20 anos para se manifestar. As manifestações são mais frequentes em gestantes e pessoas com baixa imunidade.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico depende da forma da infecção, sendo realizado por meio de exames clínicos ou laboratoriais, conforme a presença de lesões visíveis ou não. Ainda, o exame preventivo contra o HPV, o Papanicolau, é um exame ginecológico mais comum para identificar lesões que podem desencadear o câncer do colo de útero.

GONORREIA E CLAMÍDIA

As ISTs provocadas pelas bactérias Neisseria gonorrhoeae (Gonorreia) e Chlamydia trachomatis (Clamídia) são bastante comuns e, frequentemente, ocorrem de forma simultânea. Essas infecções podem afetar os órgãos genitais, além de atingir a garganta e os olhos.

SINTOMAS

Entre os sinais mais frequentes dessas infecções, destacam-se, nas mulheres, o corrimento vaginal acompanhado de dor na parte inferior do abdome e nos homens, é comum a presença de secreção peniana, além de dor ao urinar. Apesar desses sintomas, muitas vezes as infecções são assintomáticas, especialmente nas mulheres, o que dificulta o diagnóstico e retarda o início do tratamento. Quando não tratadas adequadamente, essas infecções podem evoluir para complicações mais graves, como a Doença Inflamatória Pélvica (DIP), infertilidade, dor durante o ato sexual, gravidez ectópica (nas trompas), entre outros prejuízos à saúde reprodutiva.

GONORREIA

CLAMÍDIA

HIV/AIDS

O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), é um retrovírus que ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo contra doenças e é o responsável pelo desenvolvimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) quando há sério comprometimento do sistema imunológico do indivíduo.

TRANSMISSÃO

Sua transmissão pode ocorrer através de:

  • Sexo vaginal, anal e oral sem o uso de preservativos com pessoas soropositivas;

  • Compartilhamento de instrumentos perfuro cortantes contaminados como agulhas ou outros objetos que cortam ou furam não esterilizados;

  • Transfusão de sangue contaminado;

  • De mãe soropositiva, sem tratamento, para o filho durante gestação, parto ou amamentação.

SINTOMAS

  • Na fase inicial, ocorre a incubação do HIV (tempo de exposição até o surgimento dos primeiros sinais e sintomas) que pode variar de 3 a 6 semanas, os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe ou virose, como mal-estar e febre.

  • Na segunda fase, o sistema imunológico começa a lutar contra o vírus, sendo assim, muitas vezes é um período assintomático que pode durar anos.

  • Na próxima fase (sintomática inicial), as células de defesa - linfócitos T CD4+ - começam a ser destruídas e podem chegar abaixo de 200 unidades por mm³ (em um organismo normal os valores são de 800 a 1200 unidades por mm³), deixando o organismo mais fraco e vulnerável. Os sintomas mais comuns são: febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento.

  • No estágio mais avançado, ocorrem as doenças oportunistas pela baixa imunidade, surgindo a AIDS, onde podem ocorrer hepatites virais, tuberculoses, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer.

DIAGNÓSTICO

Segundo o Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV em Adultos e Crianças estabelecido pelo Ministério da Saúde, existem procedimentos técnicos obrigatórios para estabelecer um diagnóstico de HIV, sendo eles:

  • Teste rápido (anti-HIV);

  • Caso dê positivo, realizar o exame sorológico Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (ELISA);

  • Caso dê positivo novamente, realizar a confirmação sorológica Western Blot (WB).

Mesmo que o resultado de todos os testes seja negativo, é recomendado pelo Ministério da Saúde que seja feita uma nova coleta sanguínea para repetir todos os exames após 30 dias devido a janela imunológica, que é o período entre a exposição e a produção de anticorpos suficientes para serem detectados nos testes, que dura cerca de um mês.

TRATAMENTO

Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos, estabelecido pelo Ministério da Saúde, o protocolo de tratamento inicial é composto pelo uso de três antirretrovirais, e geralmente, são utilizados:

  • Tenofovir e lamivudina - da classe ITRNN (inibidores da transcriptase reversa não análogos de nucleosídeos) e

  • Dolutegravir - da classe INI (inibidores da integrase).

Entretanto estes medicamentos podem ser prejudiciais para gestantes, pessoas com insuficiência renal e idosos, pois seus principais efeitos colaterais são: toxicidade renal, náusea, diarreia, vômitos, cefaleia, erupções cutâneas, insônia, dor e desconforto abdominal. Portanto é necessária a substituição de algum destes fármacos por outro com menos reações adversas, conforme o perfil de cada paciente.

EPIDEMIOLOGIA

Segundo o Boletim Epidemiológico de HIV e AIDS de 2023, divulgado pelo Ministério da Saúde, entre os anos de 2007 e 2023, foram notificados no Sistema de Agravos de Notificação (Sinan) 489.594 casos de brasileiros infectados pelo vírus, destes sendo 93.399 (19,1%) pertencentes a região Sul. A partir dos 489.594 casos brasileiros, 114.593 (23%) pertencem a jovens entre 15 e 24 anos, representando 25% para o sexo masculino e 19,6 para o feminino.

Ademais, entre 2011 e 2021, 52 mil jovens desta mesma faixa etária evoluíram de portadores do vírus HIV para a AIDS.

SÍFILIS

A bactéria Treponema pallidum é responsável por causar a sífilis, a mesma é derivada da família dos treponemataceae, sendo do gênero treponema. A inserção do treponema é causada por pequenas lesões resultadas de relações sexuais, em seguida a contaminação, a bactéria atinge o sistema linfático regional e, após atingir a corrente sanguínea o mesmo afeta o restante do corpo. Em resposta, e como forma de defesa surgem erosões e ulcerações no ponto de implementação, enquanto a disseminação no restante do corpo resulta na produção de complexos imunes circulantes que conseguem se depositar nos demais órgãos do corpo.

TRANSMISSÃO

A sífilis pode ser transmitida tanto pela via sexual, sendo conhecida como a via adquirida, quanto pela via congênita, que trata-se da contaminação de uma gestante contaminada para o feto.

ESTÁGIOS

Os sinais e sintomas da sífilis são divididos em estágios.

  • SÍFILIS PRIMÁRIA: é caracterizada por uma lesão específica, a protossifiloma, geralmente surge passadas três semanas da infecção. Trata-se inicialmente de uma brotoeja cuja cor é rosada, após um certo período esta se torna vermelho intenso evoluindo para uma lesão. Em geral, esta brotoeja não causa dor e também é única, não demonstrando manifestações de inflamação ou lesões na pele, ela possui bordas endurecidas, que decorrem a um fundo plano que é recoberto de material seroso. Ao passar-se quatorze a vinte dias é notável o aparecimento de uma reação ganglionar regional múltipla e bilateral, que irá contar com a presença de nódulos duros e indolores.

  • SÍFILIS SECUNDÁRIA: ocorre após período de seis a oito semanas, chamado período de latência. Com a distribuição bacteriana do T. pallidum por todo o corpo, a pele e órgãos internos serão afetados. Na pele, lesões chamadas de sifílides irão ocorrer.

  • SÍFILIS TERCIÁRIA: nessa fase os pacientes apresentam lesões localizadas que irão envolver as mucosas, pele, sistema nervoso e sistema cardiovascular. Em suma as lesões terciárias tem como principal característica a formação de gomas (granulomas destrutivos), podendo acometer o fígado, ossos e músculos.

  • NEUROSÍFILIS: a sífilis também pode acometer o sistema nervoso, podendo levar à inserção do T. pallidum até as meninges, esta inserção pode ser considerada precoce de 12 a 18 meses pós infecção. A neurossífilis é demonstrada pela persistência da infecção, pois neste momento o quadro da mesma estará estabelecido, que pode ter ou não sintomas. Quando a análise do líquido cefalorraquidiano ou LCR (líquor) não apresenta anormalidades a neurossífilis assintomática é definida, pois não irá apresentar a sintomatologia comumente apresentada pela infecção. A sífilis poderá não se manifestar nunca, ou então possivelmente evoluir para complicações do sistema neurológico do período terciário. É notável que as complicações mais adiantadas ocorrem no período secundário, tratando-se de mengéias agudas. Em quadros de apresentação meningovascular, a neurossífilis demonstra-se como encefalite difusa, podendo assemelhar-se erroneamente a um acidente vascular cerebral.

EPIDEMIOLOGIA

No ano de 2003 no Brasil, obteve-se uma estimativa de 843.300 casos da infecção por T. pallidum. A doença não se demonstra necessitar de notificação compulsória necessária, tendo em vista que os estudos epidemiológicos são realizados em grupos selecionados ou serviços que atendem a IST. Entre os anos de 1998 e 2004, os registros de casos de contaminação de sífilis congênita totalizaram o número de 24.448 casos.

TRICOMANÍASE

A tricomoníase trata-se de uma resposta celular local com inflamação da mucosa vaginal. Nessa resposta é ocorrido uma grande infiltração de leucócitos, incluindo células como os linfócitos T CD4+ e macrófagos. O Trichomonas causa frequentemente pontos hemorrágicos na mucosa, permitindo o acesso do vírus à corrente sanguínea. O parasita tem é capaz de degradar o inibidor da proteína leucocitária secretória, um produto que é conhecido por bloquear o ataque viral à célula.

SINTOMAS

Embora quase um terço das infecções por T. vaginalis seja assintomático, a maioria desenvolve queixas como corrimentos vaginais (claro ou de aspecto purulento), irritação na área da vulva e inflamação. Algumas mulheres descrevem dor ao urinar e dores na região pélvica. No homem, não demonstra sintomas na maioria das vezes, entretanto poderá ser percebida pela presença de uretrite, tendo complicações como prostatite, epididimite e infertilidade.

EPIDEMIOLOGIA

Segundo o Programa Nacional de DST e AIDS do Ministério da Saúde (PNDST/AIDS), em grande estudo nacional, estimou uma incidência de 5,1% (8,2% em mulheres e 1,9% em homens), apresentando mais de 4,3 milhões de casos novos por ano.

HEPATITE B

Hepatites virais são doenças hepáticas caracterizadas por um processo inflamatório decorrente da lesão aos hepatócitos. Dentre os cinco tipos existentes, a Hepatite B, causada pelo vírus B da hepatite (HBV), apresenta grande prevalência no Brasil, por ser a segunda maior causa de morte, representando 21,7% dos óbitos, entre as hepatites virais, entre os anos de 2000 e 2022.

O vírus está presente no sangue e nas secreções corporais, sendo assim, também é classificado como uma IST. Inicialmente ocorre uma infecção aguda, que comumente, em até seis meses dos primeiros sintomas, se resolve espontaneamente sendo considerada de curta duração. Entretanto em alguns casos, a infecção permanece após este período, sendo considerada crônica, podendo ser confirmado pela presença do marcador HBsAg no sangue.

TRANSMISSÃO

A transmissão do vírus pode ocorrer principalmente através de relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada, compartilhamento de seringas, agulhas, objetos cortantes, ou até mesmo de mãe infectada para o filho, durante a gestação ou no parto.

SINTOMAS

Geralmente a doença se manifesta de forma silenciosa, sem sinais e sintomas, mas em casos mais avançados, o paciente pode apresentar doenças hepáticas crônicas que podem se manifestar por meio de enjoos, tonturas, dores abdominais e em alguns casos, pele e olhos amarelados.

PREVENÇÃO E TRATAMENTO

Contudo existe a vacina como principal medida de prevenção, que está incluída no calendário de vacinação infantil e disponível pelo SUS em unidades básicas de saúde (UBS) para todas as idades. Seu tratamento é caracterizado pelo uso de medicamentos antivirais e apesar de não curar a infecção, melhora a sobrevida a longo prazo.